Princesa Aelia e a Pedra-Coração Mutável
Uma princesa deve resolver uma crise geométrica e fazer uma escolha difícil para salvar seu reino e uma criatura misteriosa.
A Pedra-Coração Desvanecente

A Princesa Aelia traçou o dodecaedro nas suas fichas de formas, mas a sua concentração estava noutro lugar. Da janela da biblioteca, ela via a cidade capital, as suas estruturas cristalinas a brilhar fracamente. A Pedra-Coração de Geometria estava a falhar. 'As linhas estão a perder a sua integridade', escreveu no seu diário pessoal, ao qual chamava em privado 'o diário da princesa'. Os seus tutores insistiam num estudo rigoroso, mas nenhum manual explicava a decadência. Ao mergulhar nos arquivos proibidos, encontrou um texto antigo. Falava de um 'metamorfo', uma criatura de geometria pura que podia consertar o mundo, mas estava ligada ao equilíbrio das formas. Uma nota de rodapé mencionava uma lenda de outra terra, sobre uma guardiã chamada Princesa Mononoke que comunicava com tais espíritos elementais. Aelia sabia que esta era a sua única pista.
O Quebra-Cabeça Celestial

A pista levou Aelia ao Planetário Proibido, um lugar onde a mecânica celestial e a geometria sagrada se fundiam. Para encontrar o metamorfo, ela teve de alinhar os modelos planetários com uma constelação específica esquecida. Era um quebra-cabeça de ângulos e trajetórias, que exigia o conhecimento de dezenas de nomes de formas complexas. Ela quase desesperou, mas depois lembrou-se de um livro simples que o seu tutor lhe tinha dado, 'Formas para Crianças'. Os seus diagramas claros ajudaram-na a visualizar a solução. Um último enigma estava escrito num script desconhecido. 'É como aquele pergaminho sobre formas em coreano', murmurou ela, reconhecendo os caracteres para '도형' (dohyeong). Ao cruzar as referências dos símbolos, ela desbloqueou a sequência final. Um feixe de luz saiu do núcleo do planetário, apontando para um vale isolado na fronteira do reino.
A Voz do Metamorfo

O vale estava vivo com uma energia caótica e bela. Diante dela pulsava o metamorfo, um ser de luz fluida. Não era um monstro, mas uma força vital em agonia. Comunicava-se não com palavras, mas com sentimentos e imagens. Mostrou-lhe como a obsessão de Geometria por formas perfeitas e imutáveis era uma jaula, drenando a sua energia para manter uma rigidez antinatural. O reino não estava em decadência; estava a matar à fome a sua própria fundação. Aelia enfrentou uma escolha terrível. Podia forçar a criatura a consertar a Pedra-Coração, o que a destruiria, ou podia desafiar o modo de vida de todo o seu reino. Pensou na figura histórica compassiva, a Princesa Diana das Crónicas Antigas, que escolheu a empatia em vez da tradição. Aelia sabia que não podia sacrificar este belo ser pelo dogma do seu povo.
Uma Nova Geometria

Aelia regressou não com um cativo, mas com uma proposta. Perante o Alto Conselho, ela defendeu uma nova filosofia: um equilíbrio entre a estrutura rígida e o caos orgânico. "Não podemos ser apenas uma coisa", declarou. Um ancião zombou, comparando-a à imprudente Princesa Polly de um conto de advertência. Mas Aelia manteve-se firme, apresentando as suas descobertas do seu diário. Chamou ao seu plano as 'Cruzeiros de Descoberta da Princesa' — uma nova era de aprendizagem e adaptação. Para provar o seu ponto, ela guiou-os na introdução de uma única linha curva e imperfeita na matriz de energia da Pedra-Coração. Em vez de se estilhaçar, a pedra brilhou com uma vida renovada e vibrante. Nasceu uma nova harmonia, uma mistura do previsível e do selvagem. O reino não foi apenas salvo; renasceu, mais forte e mais belo do que nunca.